Entrevistas
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Por Anna Luiza Santiago

Vice-presidente de Conteúdo da Netflix Brasil desde 2021, Elisabetta Zenatti assumiu a função quando o mundo ainda estava sob forte impacto da pandemia de Covid-19, que impôs imensos desafios ao setor audiovisual. Dois anos depois, com a retomada já consolidada, a plataforma está realizando seu maior investimento no país: R$ 1 bilhão para 2023 e 2024. A executiva adianta o que o público poderá esperar nos próximos 12 meses:

— Começaremos o ano com uma nova comédia do Rodrigo Sant’Anna, “Ponto final”. Depois vêm duas séries com força no melodrama, a infantil “Luz” e a adulta “Pedaço de mim”. “De volta aos 15” e “Bom dia, Verônica” terão suas temporadas finais. A quarta de “Casamento às cegas Brasil” vai ser diferente, com pessoas que já vivenciaram o casamento e ganharão uma segunda chance de se casar. Estrearemos depois a minissérie “Candelária”, que entrou em produção faz tempo. Ela vai mostrar as 36 horas anteriores à chacina a partir do ponto de vista de quatro crianças representadas como moradoras da Candelária na série. Já o filme “Biônicos”, do Afonso Poyart, mistura ação com ficção científica. É uma grande aposta. E então teremos “Senna”, nossa maior série de todos os tempos. Ela está ocupando todos os nossos dias deste ano e vai ocupar ainda no ano que vem.

"Senna" é estrelada por Gabriel Leone e contará a trajetória do piloto desde o início da carreira até o acidente fatal em Ímola, na Itália. Elisabetta afirma que a plataforma "não revela valores de investimentos de títulos individuais", mas dá uma noção do tamanho da produção:

— Senna é uma série que está em desenvolvimento há quatro anos. Ela carrega uma grande responsabilidade porque é o primeiro título de ficção feito sobre o Ayrton. A gente tinha que ver qual era o recorte e como ia contar essa história. A série passou por várias fases até chegar a este ponto de maturidade. Entramos em produção com uma grande ambição: retratar três décadas de automobilismo, o que obviamente se traduz num grande desafio de produção. Primeiro que o automobilismo é um desafio por si só, mas ainda reproduzimos várias épocas. Tem que pensar que cada corrida é num lugar do mundo, numa época diferente... Você tem que reconstituir isso. A gente filmou em quatro países, mas na série representamos sete ou oito diferentes. São 50 corridas diferentes. E não dá para fazer tudo isso só com a produção física, tem que compor com efeitos especiais. A gente trouxe uma tecnologia muito inovadora. A verdade é que foi uma produção que nunca ninguém tinha feito no Brasil.

Biografias vêm tendo ótimos desempenhos em plataformas de streaming, seja em formato de série ficcional ou de documentário. Perguntada se as pesquisas apontam para essa tendência e se a Netflix pretende investir mais no gênero, ela diz:

— Para desmistificar isso: a gente não faz pesquisas para ver o que o público quer ver. A parte criativa está 100% nas nossas costas. O que a gente faz é ver se as pessoas gostaram ou não de um título nosso. Quando a gente consegue enxergar que elas amaram, queremos saber o porquê disso. Se decidirmos investir em biografias, teremos que assumir a responsabilidade. A gente lançou a série documental da Luísa Sonza e está produzindo o documentário do Vini Jr. A Netflix tem como objetivo entreter uma variedade de públicos. Qualquer TV tem pesquisa de tendência. Tem um time inteiro que vê com o que as pessoas se preocupam, para onde anda a sociedade, quais são os dilemas morais que mais atingem as pessoas... Mas não há uma pesquisa que aponte que você tem que fazer drama social com pitadas de thriller, por exemplo. Existe o mito de que o algoritmo resolve tudo, e não é assim. Afinal, não existe nenhuma decisão criativa tomada por algoritmo.

Já no campo da ficção, "Pedaço de mim" e "Luz", como Elisabetta explicou, carregam o melodrama típico de novelas, mas terão número de capítulos reduzido. A primeira terá cerca de 15 capítulos. Sobre a segunda, ainda não houve confirmação, mas é certo que serão menos de 20. O Globoplay lançou "Verdades secretas 2" e "Todas as flores" e planeja "Guerreiros do Sol" para 2025. A HBO Max também está preparando as suas produções do gênero, "Beleza fatal" e "Dona Beja". Embora tenham 40 capítulos, bem abaixo do que que foi visto nas do streaming da Globo, elas vêm sendo consideradas pela plataforma como novelas. Segundo Elisabetta, isso não acontecerá na Netflix.

— Não pretendemos fazer. É estratégia. A gente teve uma experiência grande na América Latina, onde já lançamos várias séries de melodrama de vários tamanhos. Olhando para o nosso público e vendo sua necessidade, a gente não vai fazer por enquanto nenhuma série de 40 capítulos, não — diz ela, acrescentando que novelas também não estão no radar: — A gente segue com elementos de melodrama, mas novela como você conhece não teremos. "Pedaço de mim" e "Luz" são melodramas muito diferentes. Não existe, comparando à TV aberta, a ideia de fazer uma novela das 19h, umas atrás a outra. Não tem: "Agora vamos fazer x séries de 40, 50 capítulos por ano". Não temos isso.

Em relação aos realities, "Ilhados com a sogra" "superou as expectativas", de acordo com ela, e já garantiu uma segunda temporada, cuja produção se iniciou. A executiva conta que, por não se tratar de "uma aposta óbvia", com os elementos geralmente vistos em programas desse tipo, houve "um friozinho na barriga". Além do "Ilhados", os maiores êxitos nacionais da Netflix no ano, revela Elisabetta, foram "Todo dia a mesma noite" (sobre o incêndio na Boate Kiss), "Cidade invisível", "Sintonia", "Casamento às cegas Brasil", "De volta aos 15", o documentário sobre a morte de Isabella Nardoni, o thriller erótico "O lado bom de ser traída" e "DNA do crime".

Em abril, a Netflix anunciou que perdeu 450.000 assinantes no primeiro trimestre de 2023 na América Latina. Foram os efeitos negativos da medida tomada em maio, quando a plataforma passou a cobrar um valor adicional mensal de usuários que compartilham senhas com outras pessoas fora de sua residência. Porém, houve uma recuperação no terceiro trimestre. Ainda considerando os números da América Latina, pela primeira vez se atingiu a marca de 43 milhões de assinaturas pagas contra 39 milhões no mesmo período de 2022.

— O fim do compartilhamento de telas trouxe uma queda, mas, com novas assinaturas, a gente está recuperando bastante o negócio. Temos uma assinatura suportada por publicidade, que vai ser uma outra linha de negócio importante. Mas na verdade, para atrair novos assinantes, o que faz a diferença é o conteúdo. É preciso servir todos os públicos, porque não existe um só, especialmente num país do tamanho do Brasil. Esse é um exercício constante. A gente investe muito em desenvolvimentos. Faz muito mais do que precisa e muito mais do que produz. Fazemos o desenvolvimento e levamos de cabo a rabo para ver se ele para em pé, se funciona, se a gente acredita de verdade que a série, o reality ou o documentário vai conseguir ser amado pelos brasileiros. Isso também é um jeito de oxigenar o mercado. Quem fez esse desenvolvimento que não foi aprovado pega o material e leva para outra plataforma, para a TV paga... — diz ela, que garante não haver planos para transmissões ao vivo de jogos esportivos e de shows.

Elisabetta já tinha vasta experiência no audiovisual antes de assumir a função na Netflix. Passou pelo canal Sony no fim da década de 1990, foi diretora geral de produção e programação da Band e ficou 11 anos no comando da produtora Floresta. É com o olhar de quem já acompanhou todas as mudanças no setor que ela faz uma análise sobre o futuro:

— É realmente difícil ter bola de cristal que prevê o que vai acontecer. Claro que a gente passou por um momento de mercado desafiador. A Netflix tomou algumas decisões de negócio bem importantes, como o novo sistema de não compartilhamento de senhas ilegais e a assinatura suportada por publicidade. Olhando um pouco mais para frente, games são uma grande aposta da Netflix. Ainda não chegou de fato com peso, mas vai chegar. Em termos de conteúdo, o que enxergo como tendência dentro da Netflix é que o conteúdo para os assinantes pode vir de qualquer lugar do mundo. Aqui no Brasil se consome conteúdo de qualquer lugar do mundo, da Coreia do Sul, da França, da Noruega. Não é como antigamente, quando só se consumia conteúdo americano e em inglês. "DNA do crime" viajou o mundo inteiro, foi vista no mundo inteiro. Olhando para os outros players, difícil prever, existe um olhar sobre consolidação de empresas, mas com muitos pontos de interrogação. Quantos vão sobreviver? Isso depende muito de decisões estratégicas de cada empresa. É claro que não vai poder ter um bilhão e todo mundo conviver juntos. Enxergo que tem mercado para todos, tanto locais quanto internacionais. Acho isso saudável. Tem ainda uns anos de consolidação desse mercado.

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